CLÁSSICA II

                         



Em outros tempos, Viena estava cercada de subúrbios encantadores.Um deles, era Lichtenthal. Ali nasceu, em 31 de janeiro de 1797, Franz  Seraph Peter Schubert, filho do mestre escola Franz Theodor e de sua esposa Maria Elizabeth Vietz. O casal teve quatorze filhos, dos quais nove morreram na infância. Franz era o décimo segundo da séria e o mais novo dos sobreviventes. Os mais velhos eram Ignaz,Ferdinand,Karl e Therese.
Com uma vida difícil, grande foi a alegria quando,após os primeiros estudos musicais, Franz, admirado pelo seu enorme talento, foi admitido como menino cantor no coro da Capela Imperial. Isso significava educação gratuita no Imperial Konvikt, o mais importante internato de Viena.Com facilidade mostrou-se superior aos demais concorrentes  pela linda voz que possuía, expressiva maneira de cantar e conhecimento de Música relativamente grande para a sua idade.
Contava doze anos de idade,era alegre,bom companheiro.Recebera lições de violino de seu pai e tocava bem duetos fáceis. Ignaz, o irmão mais velho, fora o seu professor de piano, mas logo ele passou a receber aulas de Michael Holzer.
Desde cedo Schubert foi beneficiado pela atmosfera musical  que existia em Viena e pela experiência resultante de contínua prática de coro e orquestra que teve nos pequenos saraus familiares e no Konvikt.
Ao saber que o seu filho queria ser músico e não mestre escola, segundo o seu desejo, Franz Theodor fechou-lhe a porta da casa. O jovem ficou proibido de visitar a família, como fazia nos finais de semana e de participar da execução de música de câmara com o pai,o irmão e amigos. Pai e filho reconciliaram-se mais tarde, quando da morte de sua mãe, Maria Elizabeth.
No Konvikt ele sucedeu a Spaun como primeiro violino e chegou a substituir o regente nos concertos semanais. Salieri surpreso com o enorme talento dele, revelado na peça Hagars Klage,para voz e piano,tornou-se seu professor particular. Como não gostava da lingua alemã, ele propunha a Schubert textos de Metastasio.Desse período datam a Primeira Sinfonia em Ré Maior ( 1813), sete Quartetos, Variações e Andante para piano, Sonata para piano,violino e violoncelo, numerosos Minuetos para cordas, Danças Alemãs  para orquestra, um Oteto, alguma música sacra para a igreja de Lichtenthal e as primeiras produções vocais.
No ano de 1813 ele,com dezesseis anos deixa o Konvikt. No ano anterior perdera a mãe. Após cerca de uma ano de viuvez, seu pai casa-se de novo com Anna Kleyenbock, que devotou profundo afeto materno para Schubert. Ele a idolatrava e fez uma Cantata de aniversário para ela.
Isento do serviço militar,torna-se professor de classe primária, formado na Escola Normal Santana. Compões,entre outras obras, a sua primeira Missa completa e a primeira Ópera. A Missa alcançou êxito entre o povo da paróquia e na família. Salieri declarou ser seu aluno o autor.
Dez dias depois da primeira execução a Missa foi executada na Imperial Igreja de S. Agostinho. Enquanto esperava pelasegunda audição, Schubert escreveu Gretchen am Spinnrade ( Masrguerite au rouet, na consagrada denominação francesa),o célebre lied tão conhecido pela qualidade do acompanhamento e perfeita adequação entre música e palavra.Assim, nasceu o lied germânico.
Aos vinte anos Schubert resolveu abandonar a escola primária e passou a viver, inicialmente, na habitação se seu amigo Schober e depois aqui ou ali, com este ou aquele companheiro e sempre rodeado de um circulo de admiradores um pouco artistas, um pouco boêmios, todos alegres e em ótimo convívio.
Em 1818, por três ou quatro vezes,algumas de suas obras foram dadas em público, principalmente as Aberturas Italianas. Nesse ano aparecem as primeiras edições das suas peças. Foram bem recebidas,mas nada representavam, financeiramente.Aceitou, então o lugar de professor de piano na família Esterhazy, durante o período que passava fora de Viena, em Zseliz. Manteve-se no posto vários anos seguidos.
De volta a Viena, visitava os velhoa amigos.Schober,um dos mais dedicados conseguiu que um dos maiores cantores da época, o famoso Vogl,conhecesse Schubert e ouvisse algumas de suas canções. |O cantor interpretou-as depois em público o que fez com que Schubert viesse a ficar mais conhecido ainda em Viena e a imprensa se ocupasse dele. Vogl levou-a em sua companhia em viagem pela Áustria. Vogl cantava lieder e Schubert o acompanhava ao piano.

Schubert escreveu para um quarteto de jovens amigas várias peças.As cantoras Josefine,Kathi, Bárbara e Ana, cantavam bem.
Outras obras,inclusive a fantasia em dó maior, O Viajante, e o movimento de quarteto em dó menos revelam a segurança técnica que Schubert, então, pelos vinte e cinco anos, havia atingido.
Por essa épocam aconteceu o encontro entre Schubert e Beethoven, a quem aquele dedicara uma série de variações para piano a quatro mãos. Outras obras devem ser mencionadas : a ópera Afonso e Estrela, libreto de Schober, que Weber prometera representar em Dresda e que Liszt efetivamente fez executar em Viena em 1854, entusiasmado com as qualidade da música e força dos recitativos; Fierrabras, ópera heroico-romântica, encomendada por Barbaja, diretor de um dos teatros da Capital;e a música para a peça Rosamunda, Princesa de Chipre.
Em 1824 ele se encontra muito doente, internado no Hospital Geral, extremamente deprimido moralmente. No ano anterior ele viajara com Vogle agora estava quase inutilizado, e além disso grandemente prejudicado nas relações com os editores, pois eles haviam roubado demais do grande compositor. A fantasia O Viajante havia rendido 27.000 gulden e Schubert recebera apenas 20. Em meio a tais dissabores, seus lieder se elevam cada vez mais,entre eles o ciclo Mullerlieder, Tués o Repouso, O Anão e outros. Alguma melhora de saúde lhe permite acompanhar os Esterhazy a Zseliz e ali escreve o belíssimo Quarteto em Lá Menor.
Em 1826 compõe os Quartetos em Ré Menor e em Sol Maior, este escrito em dez dias, o Trio em Si Bemol Maior, que despertou grande entusiasmo entre os amigos, Sonata em Sol Maior para piano e mais alguns de seus belíssimos lieder.
A morte de Beethoven ( 1827) que, quase em agonia, fizera a leitura de suas obras,foi para ele grande choque. Acompanhou o enterro do mestre e só se refez passando algum tempo em Graz, a convite de amigos. Essa melancolia transparece na sua obra Viagem de Inverno.
|Um ano depois da morte de Beethoven, Schubert deu o primeiro e único concerto de suas obras, em cujo programa figuravam o primeiro tempo de um noco Quarteto,o Trio em Si Bemol, vários lieder e uma peça para vozes masculinas. Êxito diante do público e  pouco entusiasmo por parte da crítica.
No ano de sua última e dolorosa existência, inicia a sua Nona Sinfonia, compõe o Quinteto em Dó Maior, uma Missa em Si Bemol, três Sonatas para piano e a terceira Serenata, aquela que passou à posteridade como Serenata de Schubert.
Mas a saúde não ia bem. A conselho médico, transferiu-se para a residência do irmão Ferdinand, fora da cidade.Melhorou um pouco mas logo depois sobreveio a última crise. Em delírio, provávelmente atacado de tifo, chamava por Beethoven e queria fugir dali.
Faleceu a 19 de novembro e foi enterrado ao lado do seu ídolo, no cemitério de Wahring. Como aquele,foi levado depois a repousar no Cemitério Central em Viena.

Casa onde
Schubert nasceu

Viveu trinta e um anos. Cerca de metade de tão breve existência foi dedicada à composição. Em tão pouco tempo escreveu meia dúzia de Óperas, outras tantas Operetas, oito Sinfonias, várias Aberturas, quinze Quartetos, um Trio, Trios para piano e alguns Quintetos, demais para música de Câmara, numerosa produção para piano, para coros e mais de seiscentos lieder.

Baseado em ....Grandes Compositores Mundiais
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Originário de uma família da pequena nobreza rural, Modest Petrovitch Mussorgski nasceu a 9/21 Oduas datas para atender a dualidade de calendário gregoriano e juliano, este conservado pelos russos) de março de 1839, em Karevo, governo de Pskow. Seu avô, oficial da Guarda Imperial, casara-se com uma de suas servas,o que diminuía sensivelmente a pureza do tom azul do sangue dessa família possivelmente aparentada com os príncipes de Smolensk.
O pai, Pedro Alexevitch, fora funcionário e depois retirara-se para administrar suas terras. Sua mãe, Julia Ivanovna, era dotada de temperamento alegre e muita sensibilidade artística. Modest foi o último filho do casal!
Sua infância foi nos campos da região de Valdai. Precocemente sensível à Música, pretendia, com suas mãos infantis, improvisar ao piano, sem ter a menor ideia de como era tocar piano. Sua mãe lhe deu as primeiras noções de piano e mais tarde uma professora alemã e com tanto sucesso que, aos sete anos de idade, ele já tocava alguma coisa de Lizt e aos nove anos,executava todo um Concerto de Field.
Seu pai aproveitou essa inclinação musical do menino ao mesmo tempo em que providenciava sua educação geral. Aos dez anos de idade foi para S.Petersburgo, como irmão mais velho, matricular-se na escola alemã Pedro e Paulo. Seguiu o curso comum dos estudos, aprendeu Alemão, recordou o Francês e estudou piano com o excelente professor Herke, que fora discípulo de Henselt. Chegou a tocar bem piano e conservou sempre o talento de pianista!
Devia porém seguir a carreira militar.Foi admitido na Escola de Porta-Estandartes da Guarda. Aos treze anos de idade e cheio de entusiasmo escreveu uma Polca Porta-Estandarte,que o professor fez imprimir, fato que o autor considerava lamentável ao redigir em 1871 o catálogo de suas obras. Aprendeu tudo o que podia sobre a música religiosa ortodoxa e romana,com seu professor de Religião, Sr. Kruspy.
Aos dezessete anos deixa a escola e vai servir no  Regimento Preobrajenki, levando a amizade de alguns colegas músicos, entre eles Demidov, mais tarde inspetor no Conservatório de Petersburgo, e Obolneski, a quem dedicou uma peça de piano.
Jovem militar formado, Mussorgski mantinha-se impecavelmente elegante sempre. Estando de serviço no hospital militar, conheceu e fez uma grande amizade com Alexandre Borodine, para quem a Música era algo importante, estudando composição com grande interesse.É Borodine que nos descreve o elegante Mussorgski que, em sociedade, sentava-se ao piano e deliciava as damas com trechos do Trovador e da Traviata. 
No ano de 1856, sua mãe residia em S.Petersburgo e havia ficado viúva três anos anos.Ela continuava lhe dando o ambiente familiar que lhe era tão importante e que na idade em que ele se encontrava era muito necessário. Nesse mesmo ano, Mussorgski conhece Dargomiski, um pouco decepcionado com o pouco êxito de sua ópera Russalka. Ele estava com quarenta e três anos e exerceu notável influência sobre Mussorgski.

Dargominski, como divulgador de novas ideias pelo exemplo e pela palavra, transformou sua casa num centro do movimento renovador da Música do país. Nessas reuniões foi que Mussorgski começou a conhecer a música russa e a viver mais intimamente ligado à vida musical da época.No ano seguinte, 1857, tais reuniões lhe trazem o conhecimento de César Cui que, com Balakirev, a quem conhecia desde um ano, pretendia fundar um movimento de renovação no campo musical. Graças a César Cui, Mussorgski trava relações com Balakirev, então jovem de vinte e um anos mas já marcada personalidade e precoce maturidade artística. Foi ele o  iniciador do Grupo dos Cinco. Gralas a Balakirev que Mussorgski conhece Stassov, quinze anos mais velho do que ele, o qual compreendeu o gênio do jovem militar amparando-o generosamente como de resto fez aos outros.
Balakirev sempre estimulava para que Mussorgski compusesse mais e mais, ajudava-o na orquestração graças ao seu espírito critico bem orientado e, assim, Mussorgski compôs um Allegro para piano a quatro mãos, dois Scherzos em Si Bemol e em Dó Sustenido, algumas Romanças e começou a musicar Édipo Rei de Sófocles que aparecera anos antes na tradução russa de Chestakov.
Como Mussorgski não se sentia bem em sua carreira militar, resolveu demitir-se do serviço militar.Ele não queria se separar de sua mãe a quem muito amava e não queria também se afastar dos amigos, da Música, do movimento artístico. Nem por isso pode fazer Música como desejava, pois, atingido por uma moléstia nervosa, teve de sair para uma estação de repouso. Para piano escreveu somente duas peças pequenas de menor importância. Quando regressou, muito mais gordo,sem mais possuir o ar garboso do militar mas ainda elegante e cuidadoso da sua apresentação, encontra-se com Borodine. Casara-se o irmão e sua mãe se retirara para sua propriedade de Toropets em consequência da libertação dos servos, que abalara a situação econômica da família. Mussorgski ia vê-la sempre, dividindo sua vida entre o campo e a capital. Escreve algumas peças, depois perdidas para piano, inclusive um Scherzo posteriormente orquestrado.
Em 1863 compões texto e música de uma peça intitulada O Rei Saul, num estilo que pelo tom enfático e regularidade formal não revela ainda o verdadeiro Mussorgski. Tais peças eram fracas mas isso não o preocupava. Ele sempre fez questão de ignorar a técnica tradicional ou a aquisição dela por meios tradicionais, a seu ver estancadores do talento e da invenção musical. Apenas o Scherzo indica de leve a tendência representativa da música instrumental do autor dos Quadros de Uma Exposição.
O ano de 1863 marca um novo período na vida desse artista, período de maturidade, de convicção nos próprios ideais, de visão lúcida do idioma musical que deveria criar para seu próprio uso, do fim a atribuir à criação sonora: fazer da Música uma linguagem realista, para com ela cantar, de modo realístico, os pobres, os inocentes, os desesperados, sem confundir-lhes os sentimentos com as pequenas misérias do cotidiano, sem embelezar os assuntos nem descaracterizá-los pela estilização. Configura-se aí a sua estética, cujos dados essenciais são a despreocupação pela beleza pura, a visão da beleza somente através da verdade, e fazer da Arte fiel reflexo da vida.
De novo fixado em Moscou, Mussorgski, adotando um costume então em moda, viveu durante três anos com mais cinco amigos. Nessa atmosfera de mocidade que se reunia para a difusão de ideias novas é que ele começa a encontrar-se e a determinar as linhas básicas da sua personalidade.
Interessa-se por Salammbô, de Flaubert, havia pouco divulgado em tradução russa e propõe-se a composição de uma ópera sobre esse assunto. Compôs o texto e a música de uma ópera sobre o assunto, longamente, até 1865 e o abandona de repente, pois não se sentis desligado o bastante da sua ancestralidade para penetrar, como criador, a Música do oeste europeu, sacrificando assim a ópera como tal e voltar-se às ofertas generosas do riquíssimo folclore do seu país.
Escreveu na mesma época as primeiras peças vocais representativas da sua nova direção estética: A Noite, numa linguagem harmônica atraente e original, e principalmente Kallistrate, série de melodias em cujo realismo expressivo se fundem o nacional e o popular.
A morte de sua mãe, em 1865, o abalou profundamente e para a sua memória dedicou-lhe Berceuse do Filho do Camponês ( os títulos das obras variam segundo as línguas para as quais foram traduzidos) e Recordações da Infância, duas peças para piano intituladas Niania e Eu e Primeiro Castigo.
Nova crise da doença nervosa, em 1865, obriga Mussorgski a renunciar à vida comum com os sues amigos e a voltar à vida no campo, em Mikino, por três longos anos, mas que o ajudou muito no processo de recuperação da saúde física e mental. Nessa época ele compôs uma peça baseada numa declaração de amor feito por um jovem rapaz à uma camponesa e se emocionou, criando assim uma magnifico trabalho, mostrando os seus princípios estéticos baseados no Realismo.
Em 1865 escreveu A Derrota de Senaquerib, pata coro e orquestra, dada por Balakirev . Em 1867 compôs o poema sinfônico Noite no Monte Calvo. Compõe obras menores e em 1868, seduzido pelo caráter nacional e realista de uma comédia de Gogol, O Casamento, decide fazer dela um ópera e logo termina o primeiro ato. Escreve ainda várias peças vocais, inclusive a primeira da célebre coleção Chambre d'Enfants e, fixando-se de novo em S.Petersbrugo, em casa dos dedicados amigos Opotchnine , onde viveu até 1870, começa a idealizar uma grande ópera  com tema extraído da história russa: Boris Godunov, baseado no drama de Puchkine.
Como funcionário, havia trocado de serviço e agora dispunha de muito tempo livre e dedicou-se mais à composição. Tentado pelo novo tema, abandona O Casamento e começa a trabalhar com surpreendente rapidez. Em pouco tempo estava completa a obra, na sua primeira versão, orquestrada no inverno de 1869-1870. Sofreu duras críticas quanto à fraca presença do elemento feminino, relativa brevidade do papel dos principais personagens, ausência de árias ou conjuntos, pois o que se ouvia eram recitativos, diálogos e conjuntos corais, tudo muito longe da tradição do gênero.
Sua obra foi recusada pela direção dos teatros e ele teve de voltar ao trabalho, retocando o que tinha feito. Nesse ano compôs uma sátira,O Guignol, na qual ridicularizava os adversários do movimento nacionalista, entre eles o crítico Serov, Zaremba,diretor do Conservatório e outro crítico Teófilo Tolstoi e com isso, obteve enorme êxito, principalmente por parte dos criticados que se divertiram muito com isso.
Continua a série da Chambre d'Enfants sempre fiel a seus princípios realistas. Escreve novas cenas para Boris, dá novo final ao drama e já no inverno de 1871-1872 a obra era apresentada ao piano nas reuniões íntimas nas casas dos amigos. Trabalhou com entusiasmo na ópera feérica Madla, proposta a ele, a Rimski-Korsakov e a César Cui por Guedeonov, diretor de teatro. Mussorgski terminou a sua parte, mas inutilmente porque, pela falta de verba, o diretor desistiu do espetáculo. Já pensando numa outra ópera histórica, Raskolniki, proposta por Stassov, assiste à execução dos trechos de Boris dados em fevereiro de 1873, recebidos com muito agrado. Logo depois começaram os ensaios da ópera, e a 24 de janeiro de 1874 deu-se a sua primeira representação.
O êxito de Boris foi seu grande triunfo. Vinte representações consecutivas com lotações esgotadas. Surgem os tão conhecidos Quadros de Uma Exposição, uma das mais significativas produções instrumentai de Mussorgski. Em 1874 e 1875 ele muda-se mais uma vez, passando a viver com outro amigo, o Conde Kutusov,que, como os anteriores, teve grande influência sobre o músico, levando-o a uma espécie de misticismo e a tendências menos realistas. Musicou poesias de autorias de Kutusov, entre elas O Esquecido, sobre o famoso quadro de Verechtaguine representando um morto no campo de batalha e as seis peças que constituem a suíte Sans Soleil, onde vibra um lirismo até então desconhecido na inspiração do autor.

A produção começa a tornar-se mais rápida e abundante. Parecia que ele sabia, de uma certa forma, que iria morrer. Continua trabalhando em Kovantchina, transforma em cena lírica intitulada Josué um coro de Salammbô, começa em 1875 a série Cantos e Danças da Morte, terminada dois anos depois. A saúde ra precária, a lucidez diminuía e só a formidável energia de que era dotado o fazia continuar no trabalho e concluir Kovantchina. Tenta mais um trabalho com A Feira de Sorotchinski.
Não o reconheceria quem o visse no ano de 1876. Melancólico, aceita a retirada de Boris do repertório, participa de concertos beneficentes e, reduzido aos vencimentos de pequeno funcionário, ganha umpouco mais como acompanhador!
Chocou-o muito a morte de Petrov, que criou o personagem Varlaam, de Boris, ocorrida em 1877. Teve problemas no emprego, teve de mudar suas atividades e encontrou algum lenitivo com a cantora Leonova, excelente intérprete de suas obras,pelo sul da Rússia. Em certas cidades o êxito chegou ao excepcional. De regresso, alegrou-se ao ouvir nos concertos de Balakirev trechos de Kovantchina.
De novo com a saúde abalada, voltou ao campo, terminando uma versão mais ou menos completa para piano e canto da Kovantchina. Constrangido a abandonar o serviço, interna-se no Hospital Militar Nicolas em 1881. É dessa época o retrato do pintos Repine, que o mostra inchado e desfigurado pelo álcool, num contraste doloroso com o aspecto descrito anos antes por Borodine.
Mussorgski morre aos quarenta e dois anos de idade ( 16/28 de março de 1881).

Mussorgski poderia simbolizar, de certa maneira, os músicos russos e todos os demais construtores das chamadas escolas nacionais, aqueles que reagiram contra a influência italiana e depois contra a invasão wagneriana que aconteceu  de maneira intensa. A criação de uma música nacional veio a tomar decisivo impulso somente com o talento, a audácia e a total pureza artística dos componentes do famoso Grupo dos Cinco.
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O famoso compositor Massenet era muito supersticioso. Seu nome era Julio  Massenet e como a combinação tem treze letras, ele não assinava nunca o nome completo e apenas Massenet. E, por incrível que pareça, ele morreu no dia 13 de agosto de 1912. Somando os números do ano em que ele faleceu: 1+9+1+2=13! Terrível coincidência do destino!





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Manuel Maria de Falla y Matheu nasceu em Cádis, Espanha, a 23 de novembro de 1876.  Em relação a´movimento musical, a  Espanha refletia a pobreza de criação original, cultivo da zarzuela, uma espécie de opereta nacional, gosto condicionado às árias da ópera italiana, em contraste com a renovação que se notava em outros países europeus. A Espanha, durante dois séculos, não havia produzido um compositor de envergadura internacional.
Com sua mãe iniciou o pequeno Manuel o estilo de piano e aos onze anos participou com ela da execução do oratório AS SETE PALAVRAS DE CRISTO, de Haydn, arranjado para duo de piano e anualmente executado numa das igrejas locais. A mãe pianista e seu pai, comerciante,eram ricos, com uma elevada posição social na cidade. Manuel e seus quatro irmãos estudavam com professores particulares e o ambiente do lar era favorável aos interesses culturais e artísticos.
Manuel estudava piano com Alejandre Odero, depois com Enrique Broca, compositor muito apreciado e mais tarde irá a Madri para receber loções do conceituado mestre José Tragó, professor do Conservatório. O jovem músico estudava com afinco e sentia os primeiros impulsos para a composição, sendo algumas obras de caráter pueril,escritas e executadas nas reuniões musicais de Viniegra, entre elas uma melodia para violoncelo e piano, dois tempos de um quarteto com piano e uma peça para quinteto. No salão do negociante de pianos Quirell foi realizado um concerto de obras do jovem Falla, repetido no ano seguinte com entrada paga e com peça nova: um poema para orquestra.
Aos vinte anos passa a residir em Madri,para onde se transferira com toda a família. Não consegue uma pensão para estudar em Paris. Matricula-se no Conservatório onde continua aluno de Tragó, mas fazendo uma espécia de curso vago ou livre, sem frequência e antecipando promoções graças a exames sempre bem sucedidos. Em dois anos completou o curso total de sete anos. Paris é uma obsessão para ele.Para custear tão ambicioso desejo,põe-se a compor zarzuelas. Escreve logo cinco, das quais só uma poderia ser considerada como tendo algum valor: LA CASA DE TÓCAME ROQUE. As outras eram LIMOSNA DE AMOR, EL CORNETA DE ÓRDENES, LA CRUZ DE MALTA  e LOS AMORES DE INÉS, a única que chegou a ser executada.
Uma leitura de L'Acoustique Nouvelle de Louis Lucas orientou-o definitivamente ao valor das ressonâncias naturais na estruturação harmônica; e um trecho musical de Pedrell, publicado na Revista Musical Catalana, levou-o a procurar o ilustre musicólogo e tomá-lo como professor,poe três anos.
Em 1904 Falla está sozinho, pois Pedrell mudara-se para Barcelona, cujo clima lhe era mais favorável. Resolve participar de um concurso, concorrendo ao prêmio para uma ópera em um ato, instituído pela Academia de Belas-Artes. Apresenta LA VIDA BREVE quase com prazo esgotado e obtém no ano seguinte o ambicioso prêmio. Na mesma ocasião concorre ao Premio Ortiz e Cussó, para pianistas, e de novo é vencedor, não obstante o valor dos demais concorrentes.
Casa de Falla

Durante dois anos tentou sem sucesso fazer representar a obra premiada, já que a Academia, esquecendo o regulamento do premio, nada providenciara. A vitória havia  lhe valido alguns alunos de piano e harmonia,com que viveu durante esse período. Produziu-se também como pianista, tocando o CONCERTO, em ré menor de Bach e as DANÇAS SACRA E PROFANA de Debussy, o qual, escreveu-lhe desculpando-se por não poder comparecer ao concerto e ministrando algumas indicações de interpretação.

Com algumas apresentações, Falla conseguiu receber e começou a viver em Paris. Estava já com trinta anos de idade.Estava ansioso pata realizar a sua vocação de compositor. Animado pela antiga carta de Debussy,põe a partitura da LA VIDA BREVE debaixo do braço e procura alguns célebres como Claude de France, Paul Durkas, Fauré e de novo, Debussy. Procura o seu famoso compatriota Ricardo Viñes,pianista consagrado, que o leva a Ravel. Aos poucos, graças à compreensiva amizade dos artistas de Paris, foi se alargando o seu  circulo de relações com os mais eminentes compositores da época. Um deles porém logoo deixou: Albeniz, que morreu em 1909. A viúva do artiste valeu-se de Falla para que induzisse Debussy,, Ravel e Stravinski a orquestrar algumas de suas obras. Falla se esforçou muito nesse sentido, mas sem sucesso.



Como compositor, Falla fizera-se  conhecido graças à apresentação, em 1908, por Ricardo Viñes, das  QUATRO PEÇAS ESPANHOLAS, dedicadas a Albeniz. Nessa época começava Falla a compor NOITES NOS JARDINS DE ESPANHA para piano e orquestra, seguindo a direção totalmente espanhola da sua inspiração. As peças de piano foram por ele mesmo tocadas em Londres, em 1911, com sucesso que reafirmava a educação já adquirida como pianista e compositor. Novo triunfo acontece  em abril de 1913, no Cassino Municipal de Nice. Em dezembro desse ano, se apresentou na Ópera Cômica de Paris, e LA VIDA BREVE, dirigida por Rullmann,começou sua carreira mundial.
Após viagem demorada e cansativa devido à situação , pois a guerra já havia sido declarada, chega a Madri onde realiza o sonho de viver ao lado dos pais. Chegara mesmo a alugar uma residência nos arredores de Paris e havia chamado os pais à França, mas os acontecimentos impediram seus planos.
O público da Capital deu-lhe calorosa demonstração de entusiasmo, quando da apresentação de LA VIDA BREVE, em novembro de 1914. A obra foi dada em toda a Europa e até em concerto, como se fosse um oratório.
No ano seguinte  criou EL AMOR BRUJO, cuja ideia inicial fora uma canção e uma dança para a famosa bailarina Pastora Imperio.  Falla não conseguiu convencer o público e nem a crítica, fracassando  totalmente.
Pastora  Imperio

Sem desanimar, fez uma nova orquestração, valorizando a partitura,conseguindo grande divulgação.Sob a forma de balé-pantomina voltou à cena com a célebre Antonia Mercê, LA ARGENTINA.

 Nessa obra Falla acentua o caráter andaluz da sua criação, embora não haja aproveitado textualmente nenhum tema popular. Um de seus trechos,a célebre Dança Ritual do Fogo, transcrita para piano pelo autor, tornou-se mundialmente famoso.

Em Barcelona,onde passou alguns meses,Falla deu forma definitiva aos NOTURNOS, que se tornaram a peça para piano e orquestra NOCHES EM LOS JARDINES DE ESPAÑA. Dada em Madri em 1916, com o jovem pianista Cubiles e a Orquestra Sinfônica dirigida por Arbós, alcançou grande sucesso. Viñes e Rubinstein logo a incorporaram aos respectivos  repertórios e ela começou a correr mundo. Divide-se em três partes: EN EL GENERALIFE, DANZA LEJANA  e EN LOS JARDINES DE LA SIERRA DE CÓRDOBA, das quais a primeira é poética ambientação expressiva com extraordinário aproveitamento da sonoridade orquestral e as outras duas em sugestões coreográficas.
No ano seguinte apresenta em   Madri a pantomina EL CORREGIDOR Y  LA MOLINERA, versão inicial de EL SOMBRERO DE TRES PICOS, balé solicitado por Diaghilev. As dificuldades oriundas da situação de guerra em que se encontrava a Europa, atrapalharam as atividades do famoso empresário coreográfico. A obra foi dada em concerto em Madri, com grade sucesso, pois imediatamente foram reconhecidos os méritos do autor como criador e renovador da música espanhola. Somente em 1919 é que a peça foi estreada em Londres pela companhia do célebre animador da coreografia moderna.

Falla estava emLondres para a estréia. Poucas horas antes do espetáculo um telegrama da Espanha chamava-o com urgência, pois sua mãe estava à morte.Partiu imediatamente, com a viagem ainda dificultada pelas consequências da guerra que havia terminado há pouco tempo.  Perto de Madri, ele lê em um jornal comprado numa estação a noticia do falecimento de sua mãe. Chegou a tempo de vê-la no caixão e de acompanhar-lhe o enterro.
Rubinstein lhe encomenda uma peça para piano e orquestra e Falla escreve a FANTASIA BÉTICA, pouco tocada devido talvez à sua extensão. É a última  produção de Falla para piano e a mais pianística das suas obras para esse instrumento.
Piano de Falla


O afamado guitarrista Miguel Llobet pedira-lhe uma peça para guitarra, na mesma ocasião que Henri Prunières solicitava um artigo e uma peça para o número especial da REVUE MUSICALE em homenagem a Debussy ( 1862-1918). Atendendo a ambos os pedidos, escreveu HOMENAJE  A DEBUSSY, coma qual despertou o interesse dos compositores modernos para aquele instrumento.


Manuel de Falla fixou então residência em Granada. Nesse mesmo ano de 1919 recebeu da Princesa de Polignac, encomenda de uma peça para teatro de bonecos. Surgiu assim EL RETABLO DE MAESE PEDRO, extraído de D.Quixote. Em 1923 a obra foi estreada em Sevilha e logo depois em Paris em casa da princesa com a  parte do cravo executada por Vanda Landovska. Um imenso sucesso.


Falla viajou para a França, para a Itália e mais tarde para Londres e Veneza, pois fora convidado para dirigir obras suas, principalmente  EL RETABLO, onde se acentua o seu sistema harmônico e o princípio da economia de meios pelo emprego de orquestra reduzida. Em 1924 escreveu PSYCHÉ, poema para canto, flauta, harpa, violino, viola e violoncelo, estreado por Conchita Badia.


Sua amiga Vanda Landovska obtém afinal a composição de um CONCERTO PARA CRAVO e conjunto de flauta, oboé, clarineta, violino e violoncelo, todos solistas e o próprio autor recomenda que não se aumente o número de instrumentistas.

Essa peça diminuta na extensão,é densa como intenção e realização formal. Foi estreada em Barcelona em 1926,com Vanda Landovska como solista. No ano seguinte, em Paris o próprio Falla a executou e duas vezes na mesma noite: uma ao piano, instrumento em que se sentia seguro e outra no cravo, a cujo estudo se dedicara somente para tal ocasião. Em junho apresentou o CONCERTO em Londres, também ao piano e cravo. Nesse concerto foram também dados  EL AMOR BRUJO  e EL RETABLO, peça na qual se exibiu a nossa eminente e saudosa cantora Vera Janacópulos.


No ano de 1928 inicia a composição de L'ATLÁNTIDA, vasto poema sonoro - um oratório com solos, coros e orquestra - com o qual pretendia chegar a uma universalidade capaz de exprimir, fundindo-as numa só, as musicas das diferentes regiões da Espanha. Continuamente em trabalho, a peça ficou inacabada. Foi inspirada porém pelo entusiasmo reinante em 1926, em que se comemorava o cinquentenário do poema homônimo de Jacinto Verdarguer e o quinquagésimo aniversário natalício de Falla. E desde então até a sua morte, Falla só trabalhou em L'ATLÁNTIDA. Essa obra marca o ponto culminante da ascensão criadora de Falla que começa andaluz, faz-se mais largamente espanhol e se universaliza com o poema inacabado.

A situação política da Espanha sofria uma evolução que não agradava a Falla. Em 1933 e 1934 passou temporada em Palma de Maiorca,para cujo movimento musical contribuiu com apresentação em obras de Victoria e Orazio Vecchi dadas pelo conjunto denominado CAPELA CLÁSSICA, fundado por Mossen Tomás e adaptou a música da Balada de Fá Menor de Chopin para o poema BALADA DE MALORCA de Verdaguer.
Em julho de 1936 rebentou a Guerra da Espanha e ele, atéentão senhor de perfeita saúde, viu-se acometido de grave enfermidade e imobilizado numa poltrona. Em 1939 chega a Buenos Aires o convite para dirigir os concertos comemorativos do jubileu de prata da Instituição Cultural Espanhola. Opinam os médicos que essa viagem lhe fará bem.
Dança Ritual do Fogo , de Falla.

Após as festividades, fixou-se na Sierra de Córdoba, primeiro em Villa del Lago e Carlos Paz, e finalmente em Alta Gracia. E ali permaneceu até o fim da vida, sem obrigações e constrangimentos, expandindo com toda a liberdade o seu temperamento e mesmo as suas extravagâncias, pois tornou-se um homem cheio de manias e esquisitices,remédios e singularidades.
A doença não mais o deixou. Apavorado com as correntes de ar, receoso das fases da Lua, deixando de ir à missa dominical ( era profundamente católico) porque pela manhã levantara-se com 36,6 de temperatura ao invés de 36,5 que era o normal, foi decaindo atoe que faleceu a 14 de novembro de 1946. Morreu sozinho em seu quarto.
Seu corpo foi transportado para a Espanha e sepultado na cripta da Catedral de Cádis.
L'ATLÁNTIDA ,inacabada, fará um dia ouvir suas vozes até agora mudas?



As vozes musicais da Espanha tiveram seus mais autênticos intérpretes em Albeniz, Granados e Falla. Com eles, impulsionados pela clarividência musicológica de Pedrell, as forças criadoras do gênio espanhol realizaram-se plenamente, adquiriram existência nacional e trouxeram para a música moderna a decisiva contribuição das suas características renovadoras.
Busto de Falla em sua casa na Espanha






Dormitório da casa de Falla em Granada
Pesquisa...Compositores de todos os Tempos...........





Filipe Pedrell ( 1841- 1922) contava na época em que foi ser o mentor de Manuel de Falla, sessenta anos de idade. Foi autodidata e colocou em prática o princípio de que todas as nações deveriam basear suas músicas nas canções populares. Ele seguia assim as ideias do Padre Eximeno ( 1729 -1808), jesuíta erudito que passou a viver em Roma quando sua Ordem foi expulsa da Espanha, autor de um tratado em que dava preponderância à expressão emotiva na composição musical e atacava o pedantismo dos falsos artistas.



Pedrell foi também compositor,mas a sua grande obra foi o despertar da consciência nacional na criação musical mediante importantes trabalhos musicológicos:
-Antologia de Organistas Clásicos Españoles
-Teatro Lirico Español Anterior al Siglo XIX
-Cancionero Popular Espanõl
-Hispaniae Scholae Musica Sacra entre outras.



A orientação de Pedrell foi seguida pelos seus discípulos que depois se tornaram artistas ilustres: Falla, Albeniz  e Granados.
Todavia, Manuel de Falla entendeu a lição de Pedrell como devendo embebedar-se do espírito, não da letra, do elemento popular; criar segundo as características nacionais, mas não " citar" temas populares, o que ele sempre se recusou a fazer. E, com isso, deu à música espanhola uma direção inteiramente diferente daquela que até então fora seguida!
Filipe Pedrell nasceu em Tortosa, na Espanha e faleceu em Barcelona, igualmente na Espanha.


Ele foi o primeiro músico a ser contratado para estudar a música espanhola tradicional ou popular (etnomusicologia), encontrando particularmente no Flamengo inspiração para empreender a busca de uma música nacional na Espanha.
Foi um compositor muito ativa, desenvolvimento de todos os estilos musicais. Assim, além de suas óperas, ele também compôs uma série de óperas, poemas sinfônicos e música religiosa e de câmara.

Pesquisa: Os maiores compositores clássicos

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